quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Estalo




Chega um momento nas nossas vidas em que temos um estalo! 
Aquele momento orelhão, sabe como é?
- Hoje caiu a ficha! (será que essa expressão ainda é usada?)
Nem sempre o estalo acontece na hora certa, se é que a hora certa existe - afinal de contas, cada um de nós funciona de uma forma, seja para encarar um fato, seja para digerí-lo.
O estalo se concretiza quando entendemos, ou ao menos percebemos, algo que, até então nos parecia obscuro, escanteado, deixado de lado. Acontece quando temos uma nova idéia; quando conseguimos descobrir, finalmente, como resolver aquele problema que nos consome; quando achamos um jeito de dizer o que sentimos, pois antes todas as palavras do mundo aparentavam insuficientes; quando estamos jogados no sofá em um dia tedioso e sem graça, e de repente nos damos conta de que existem sim milhões de possibilidades e se cremos em um Deus que realiza o que para nós é impossível, o universo pode sim ter onze dimensões!
O estalo é como um jato de água na sua cara te tirando de um transe ou te levando a um. Ou talvez ele se manifeste como uma brisa suave soprando seus olhos e clareando sua visão, te levando a enxergar certas coisas que pareciam invisíveis antes dele.
À medida que o tempo passa os estalos ficam mais sérios, mais sóbrios. Nesses casos, acho que a maturidade é a razão por trás deles. O tempo tende a mudar nossas prioridades: algumas coisas perdem o valor, outras se mostram mais valiosas do que nunca. Ele traz respostas para todas as perguntas que pairam no ar e, é no correr dele que os estalos se manifestam. "Time is money" alguém vai  dizer pra você, mas time é também remédio para cicatrizar feridas, para levar embora o sofrimento; é como um bálsamo para aplacar a dor que a ausência de um ente querido nos causa. O tempo é uma dádiva e precisamos  aprender  a administrá-lo com sabedoria, sem desperdícios, pois todos sabemos, ele não volta.
Semana passada eu estava estudando quando o twitter de Geo fez um barulhinho (que feio pra mim descrever dessa forma, mas vamos lá). Alguém tuitou uma frase de Aristóteles  que dizia:  "O último degrau da sabedoria é a simplicidade". As  palavras se encaixaram perfeitamente com os meus pensamentos mais recentes, e na hora desse estalo, mais uma vez eu ponderei na minha balança invisível, aquilo que hoje realmente importa para mim: Uma vida simples. Talvez amanhã ou daqui um mês eu pense diferente, mas por hora, faço minhas as palavras de um dos provérbios dos sábios de Israel:

"Eu te peço, ó Deus, que me dês duas coisas antes de eu morrer: afasta de mim a falsidade e a mentira e não me deixes ficar nem rico nem pobre. Dá-me somente o alimento que preciso para viver. Porque, se eu tiver mais do que o necessário, poderei dizer que não preciso de ti. E, se eu ficar pobre, poderei roubar e assim envergonharei o teu nome, ó meu Deus." (Prov 30: 7-9)

Parece exagero para você?
Reflita a respeito.
Quem sabe seja a sua vez de ter um estalo.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Daniela e os damascos


Domingo era dia de escrever, dia de postar, dia de deixar fluir.
Infelizmente (ou melhor, felizmente) tenho conseguido aproveitar ao máximo meu tempo e criei o hábito de estudar todos os dias, inclusive aos sábados e domingos, por isso, findado o dia, quando deveria estar preparando a mente para as palavras, falta ao corpo forças para sentar ante o computador e deixar fluir.

Sendo assim, resolvi fazer diferente. O post de domingo que ficou para hoje vai dar lugar a um texto que escrevi há 4 anos em homenagem a uma das nossas sobrinhas - Daniela, o qual encontrei por acaso, procurando um dos meus materiais de estudo, dentre aqueles  enfileirados para impressão.

Me deu uma saudade.
Enjoy ... 

Daniela e os damascos

As chuvas foram suficientes para molhar a terra
E o verde das mudas começava a brotar.
A medida que o ramos surgiam 
E as folhas apareciam,
A Beleza das flores enchia de encanto o lugar.
Quando os frutos começaram a exibir-se
Nos galhos esplendorosos das belas damasqueiras,
A pequena Daniela já dava seus primeiros passos.
Tão ávida e cheia de energia,
Crescia Daniela, cercada de damascos.

A cada novo ano a estação trazia
Belos e suculentos frutos.
Macios e delicados,
Atraentes e rosados.
O destino deles já era certo:
Recheios e doces, sorvetes e musses.
Daniela desfilava com uma cesta em suas mãos,
O esfoço era tamanho mas o sorriso era de satisfação.
A cada amanhecer, uma nova aventura,
Ela corria e brincava
À música do vento, dançava.

No alto das árvores se viam as frutas imponentes
Elas deixavam o campo lindo de tão reluzentes.
Os raios de sol que atravessavam a plantação
Coravam a pele clara, da pequena dama
Que sentava-se para descansar por alguns minutos,
Apenas para observar os frutos.
Que cena gloriosa aquela,
Quando se via a bela Daniela
Em seus dias de euforia,
De brincadeira e correria,
Entre campos de magníficos arbustos
Cercados de damascos graciosos e robustos.

Como poderia passar melhor infância que esta?
Se na companhia das frutas sua vida era uma festa!?
A menina aprendeu a amar,
E ainda criança prometeu cuidar,
Com bravura e gentileza,
Do campo, do verde, da natureza.
Vê-se que as sementes de damasco
Em seu coração plantadas encontraram espaço,
Fez-se uma damasqueira em seu interior
Cheia de vida, coberta de esplendor.
E assim, com o passar dos anos ambos floresciam;
Os frutos laranjas a perfumar o ar,
E Daniela a cobrir de cores o resto do lugar.