quinta-feira, 19 de junho de 2008

Muito mais grata hoje!


Hoje acordei com um espírito de gratidão enormemente aflorado.
Gratidão pela vida, pela presença constante de Deus, pela força para vencer o frio, pelo sorriso de bom dia da pessoa que mais amo nesse mundo. Gratidão por cada mínima coisa que aconteceu, até o presente momento e, por cada uma daquelas, que ainda estão por vir.

Acredito que a forma como me sinto hoje é, na verdade, a continuidade de um processo iniciado há dois dias. Explico: Caminhávamos, meu marido e eu, em direção a nossa casa, num final de tarde de mais um dia de trabalho para ele, e de um exaustivo treino na academia para mim. Percorríamos de mãos dadas, ambas dentro do bolso do casaco dele, um caminho já bastante familiar e, então, uma dúvida me ocorreu:

- Será que um dia nós vamos nos lembrar disso? - perguntei.
Ele respondeu afirmativamente, que sempre lembraríamos desses dias. (Referindo-se as suas saídas do trabalho, nossos encontros depois disso, nossas voltas para casa).
- Mas será que um dia nós vamos nos lembrar de hoje, 17 de junho de 2008? - perguntei, sendo mais específica.
Ele esperou que déssemos mais uns dois ou três passos, chegássemos próximo a um batente para que eu subisse e, voltados um para o outro, dizer:
- Se a gente se beijar aqui junto dessa árvore eu vou me lembrar.
Então nos beijamos.

Hoje, eu sou imensamente grata por aquele momento comum, uma imagem do dia-a-dia em preto e branco à qual conseguimos colorir para toda a vida.

O fato é que, ás vezes, uma experiência muitíssimo simplória como essa, nos faz despertar para o que somos, temos e fazemos. É comum ouvir expressões do tipo: "Nossa, já estamos na metade do ano!", "Esse mês passou muito rápido!", "Não dá pra acreditar que já é Natal!". Eu mesma já me peguei repetindo algumas delas diversas vezes.
Nossos dias passam tão rapidamente e vão levando consigo aqueles momentos que deveriam ter existido mas não vieram a acontecer. O dia passou e com ele toda a possibilidade de ter sido um dia perfeito, ou de ter tido, ao menos, um momento especial. Agora é passado e, com ele, se foi a oportunidade de dizer, fazer, escutar, deixar, começar...

Estou tentando me apegar aos mínimos detalhes de cada momento desde então. Seja ao lavar a louça, enquanto escuto uma música e tento aprender algo com ela ou, ao ler um livro e tentar memorizar uma frase interessante para compartilhá-la com alguém posteriormente.
Tornar o momento significante, para nunca mais esquecê-lo.

Será que é possível fazer com que tudo o que acontece no nosso dia tenha um conteúdo inesquecível? Eu não sei. Mas talvez, se nos esforçarmos em vestir cada situação com uma roupa nova, por mais simples que ela seja, ou mesmo com a roupa de sempre, mas tendo uma postura diferente, ao contemplarmos o espelho do amanhã, nos recordemos do espelho de hoje e, de todos os bons momentos, dos quais, ele mesmo foi testemunha.

P.s.: Foto do post emprestada de http://www.fotocomedia.com/tag.php?tag=feliz


terça-feira, 3 de junho de 2008

Dona-de-casa não faz nada?


Será que por que eu sou Dona-de-casa as pessoas acham que eu não faço nada?

Todos os dias quando acordo (não tenho mais o tempo que passou...) e levanto pra fazer nosso café da manhã, caminho lentamente em direção a cozinha com uma pilha de pensamentos sobre os ombros. Ás vezes, os pensamentos ainda estão dormindo, mas as pernas respondem aos anseios da minha personalidade, um tanto quanto orgulhosa, e me puxam para fora da cama me lembrando que, ao menos no trabalho doméstico, eu preciso ser perfeita (e olha que eu estou muito longe disso).

Café da manhã pronto, marido alimentado. Tenho tanta coisa pra fazer que não sei por onde começar.
- Eu devo arrumar a cama? Eu bem que poderia deixá-la desarrumada hoje ... ninguém vai ver, ninguém vai saber, não vai sair no jornal e eu não vou ser condenada por causa disso ... mas que tipo de Dona de casa eu seria se não arrumasse a cama?

Você deve estar pensando: Que tipo de pessoa se preocupa com isso? Que falta do que fazer!
Me entenda por um instante: Eu sou dona-de-casa e gosto de ter uma casa bem arrumada.

Então mãos à obra! Arrumo a cama, recolho a roupa do varal, dobro-a toda, guardo. Lavo a louça, seco. Passo aspirador na casa, guardo nossos pertences (que parecem criar pernas e se espalharem pela casa 'sozinhos') e pronto!

Pronto? Que pronto que nada!

Vou cozinhar, vou colocar a roupa de molho (entenda que existem peças de roupa que não devem ser lavadas na máquina), vou acessar meus sites preferidos, ler as últimas notícias, me informar. Eu sou Dona-de-casa mas sei o que acontece no mundo! Baixar meus emails, e tentar não acumulá-los (o que é quase impossível, devido a enxurrada que me chega, quase diariamente, frutos das listas de discussão nas quais estou cadastrada e dos spans que não precisam de cadastro algum).

Roupa de molho, comida feita, cozinha limpa e começo a estudar.
Estudar?
É, estudar! Eu sou dona-de-casa mas não desisti de aprender.

O telefone toca algumas vezes, eu atendo.
Pego a correspondência. Saio para fazer algumas compras (leia-se pão, leite, queijo, frutas ... não são aquelas compras divertidas que você podia estar imaginando).
Entre uma tarefa e outra eu paro e me alimento. Sim! Eu também preciso comer. Sempre numa correria, mas fazer o quê?

Três vezes por semana vou a academia levantar peso. É! Não é fácil! Eu sou dona-de-casa mas também sou esposa e amante (calma! De um homem só!) e meu marido merece ter uma mulher auto-confiante, disposta e bem-cuidada. Volto pra casa, volto à cozinha. Jantar feito, banho tomado, marido alimentado.
Acabou?
Não!
Lembra da roupa que estava de molho?
E da louça suja depois da nossa última refeição?

Sentamos em nossas confortáveis poltronas, assistimos o Noticiário. Conversamos sobre o nosso dia, rimos juntos, namoramos. Parece que, finalmente, meu expediente chegou ao fim.
Agora minha tarefa é outra. Aliás, essa tarefa eu não preciso fazer sozinha, essa eu faço muito bem acompanhada!


p.s.: Fotinho tirada de http://sayrakidos.fotosblogue.com/16431/Grande-cozinheiro/

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O que é DEMAIS nunca é o BASTANTE

Imagem do site http://www.zaroio.com.br/


Será que existe alguém no mundo que já tenha realizado todos os seus sonhos ou mesmo todos os seus tolos desejos?
Será que há uma única criatura, em alguma parte desse planeta tão enorme, que se considere plenamente realizada?
Estive pensando sobre isso semana passada, quando recebi um email, de minha irmã, comunicando a morte de um rapaz de 33 anos, muito amigo do marido dela. Apesar de conhecê-lo apenas de vista, a causa e a forma como ele perdeu a vida, me deixaram muito triste, por ele e pela família dele.
Ocorre que, na manhã de um dia qualquer, sua esposa manifesta insatisfação com o casamento e comenta que quer se separar. Ele ouve aquilo e a saga do último dia de sua vida começa. Não faço a menor idéia do que aconteceu no intervalo de tempo que vai desse fato até o fim da história, conheço apenas o desfecho.
A noite cai, o coração dele deve pulsar forte, tão forte quanto o nosso próprio quando estamos anciosos, quando estamos temerosos, quando estamos planejando fazer algo que nos assusta, que nos desafia. Ele inventa uma situação, se arruma, sai de casa, fala com algum amigo no telefone e diz que está indo para um casamento quando, na verdade, está dirigindo rumo a sua casa na praia, armado e com a cabeça cheia de pensamentos que nós, se pararmos para imaginar por um instante, acreditamos fossem dolorosos e angustiantes.

No outro dia, seu corpo é encontrado dentro do carro. Ele está sentado, no banco do motorista. Sua cabeça está caída para frente, ele está imóvel. Os policiais encontram bebida, um terço, uma arma e constatam: Suicídio.

- Suicídio? Suicídio?
- Meu Deus! Mas por que?
Eu gritei mentalmente.
Eu não consegui entender quando li. Não concebia a idéia de que um rapaz tão novo, cheio de amigos, popular, de posses, pudesse ter arrancado de si, a chance de fazer valer a pena começar tudo de novo. Resgatar o que foi perdido no relacionamento com a esposa, perdoar, pedir perdão, chorar, até implorar que ela reconsiderasse, mendigar o seu amor, fazer promessas vazias, jurar que nunca mais, não sei... ! Talvez ele até já tivesse tentado fazer alguma dessas coisas, ou mesmo todas elas no decorrer daquele dia, daquele fatídico último dia.

A Imprensa local noticiou. Todos ficaram sabendo.
Meu cunhado e minha irmã haviam estado com ele há poucos dias. Eles ficaram arrasados.
Maldita a hora que ele comprou aquela arma. Maldita a possibilidade de alguém ter uma arma.
Eu não sou ninguém para julgá-lo fraco ou forte. Eu apenas lamento sua ausência ... sua ausência entre seus amigos, em meio a sua família, no trabalho, no mundo. Eu lamento que ele não tenha encontrado alívio de outra forma e que não tenha conseguido enxergar que "amanhã é outro dia" e, talvez, tudo fosse diferente - ela o procurasse, dissesse que não era nada daquilo, que o amava e precisava dele. Seria irônico, como eu gostaria ...

Eu não sou plenamente realizada. Duvido muito que exista alguém assim. Temos nossos momentos de realização, temos fases cumpridas, etapas conquistadas, sonhos realizados mas ... o "mas"nos ronda.
Aquele bendito maszinho de fim de frase sabe como é?

- Eu acertei o palpite mas ...
- Eu já tenho a cama e o sofá mas ...
- Eu fui em todos os cantos do Brasil mas ...

Desanimada me recordo uma canção, ela ecoa em minha mente melancolicamente "este é o nosso mundo: o que é demais nunca é o bastante e a primeira vez é sempre a última chance ..."