sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A Conquista do Mundo


Pensando sobre carreira, profissões, áreas de formação, vocação, eis que, denovo, me cerco de possibilidades e, mais uma vez, me deparo com a inexoravelmente eterna dúvida da minha vida: o que fazer?

Cogito um milhão de coisas e não me decido por nenhuma delas.
Antes, meu sentimento me reduziria a nada, mas agora, já não me atormento mais com isso. Hoje eu me sinto realizada sendo quem eu sou, apesar de não ter mergulhado no mercado de trabalho, de não ter construído uma carreira de sucesso, de não ser, digamos assim, a mulher do século 21.

As maravilhas modernas não são grandes atrativos pra mim. Não sou original, não sigo tendências, não me permito consumir com extravagância, não tenho necessidade de vestir o que está na moda, de dar ordens a alguém, de parecer importante ... Compro quando necessário, visto o que gosto, faço quando dá vontade.
As vezes me sinto deslocada no tempo - sou velha, velhíssima aliás, para quem está ainda, na casa dos vinte.

No tempo em que Amélia é que era mulher de verdade, eu ainda não tinha nascido. Foram tantas conquistas feministas de lá para cá que, só de pensar, eu fico enfadada. Agora, elas mandam e podem mandar em tudo. São maioria nas universidades, conquistam postos importantes nas empresas em que trabalham, são eleitas em suas cidades, estados e até países.

Parece louco mas, mesmo depois de tudo isso, eu acho que quando as mulheres, ou pelo menos a maioria delas, ficava em casa, cuidava da família, cozinhava com amor, costurava as calças do marido, ou seja, se dedicava ao lar, fosse por prazer ou por obrigação, o mundo era mais tragável, mais harmonioso.

Veja bem, não tenho absolutamente nada contra todo o processo histórico ou cultural pelo qual passamos. Não tenho nada contra a luta de algumas mulheres para conquistar seu espaço ao sol; nada contra àquelas que marcharam nas ruas, que gritaram seus direitos, que esculhambaram o sexo oposto, ou queimaram suas roupas íntimas. Nada, absolutamente nada, contra aquelas que resolveram abraçar sua carreira (por prazer ou obrigação), afinal, muitas hoje precisam mesmo trabalhar para manter a casa (De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea, a proporção de famílias chefiadas por mulheres passou de 24,9%, em 1997, para 33%, em 2007, o que representa um total de 19,5 milhões de famílias brasileiras que identificam a mulher como principal responsável).
Nada contra, pelo contrário. Tenho uma profunda admiração por algumas mulheres que, admitamos, exercem suas funções muito, mas muito bem. São capazes, inteligentes, dedicadas, trabalhadoras e lindas.

A questão é: quando as mulheres ficavam em casa, e se dedicavam exclusivamente a sua família, elas podiam dar mais atenção aos filhos, participando na formação do caratér deles, corrigindo-os quando necessário, educando-os com amor e disciplina. Os afazeres domésticos eram, e são, apenas o complemento da atividade, afinal, por atenção, a si e aos que amamos, mantemos a casa limpa, para o bem estar de todos. O lar deve ser 'o doce lar', onde a família se diverte, descansa e divide maravilhosos momentos de suas vidas.

Como hoje as coisas mudaram, e as mulheres saíram de suas casas, deixando a educação dos filhos para a babá, a vovó, ou qualquer outra pessoa que não ela mesma (até mesmo a TV), vemos uma leva de criancinhas rebeldes, mal-educadas, desordeiras e mimadas. Tem gente que diz "No meu tempo, só precisava um olhar do meu pai para eu fazer xixi na calça de medo". Na verdade a palavra deveria ser respeito, e o olhar do pai, tanto quanto o da mãe (e no meu caso eu me pelava era de medo dela mesmo), em qualquer ocasião, era só uma extensão da educação dada em casa. Não dá pra chamar a atenção do filho fora de casa, se, dentro dela, os pais não têm nenhum controle sobre ele.

Mas aí, surge uma solução: A supernanny!
Bahhh, a supernanny eu queria na minha casa, antes mesmo que meus filhos virassem os monstrinhos que vemos no programa dela, e que, sinceramente, até arrancam de nós, ou adiam para um futuro muito distante, a vontade de ter filhos.
Aí você pode dizer que tem exemplos de pessoas que não trabalham fora para cuidar do filho(a) e mesmo assim, a criança é uma praga. Tá, eu acredito. Eu já vi inúmeros casos, no próprio programa do qual falei. Esses, eu não considero, por que, francamente, permitir um filho cuspir na sua cara, sendo que ele tem 3 anos, e nenhuma disciplina, é melhor sair para trabalhar mesmo e encontrar alguém que possa educá-lo, antes que ele cresça e desconte suas revoltas na sociedade.

Ficar em casa não atende às expectativas de, praticamente, 98% das mulheres. Não atende às expectativas de muitos homens também! Eles querem ver suas parceiras conquistando espaços e dando passos rumo ao sucesso. Minhas palavras soam antiquadas para muitos e tudo bem, eu entendo. Sou uma exceção. Eu mesma já achei o modelo "Amélia" a coisa mais ultrapassada e chinfrim, já pensei em trabalhar fora inúmeras vezes, e quero fazê-lo, assim que descobrir uma vocação. Uma coisa é certa - ao ter um filho, gostaria que seus primeiros anos de vida fossem minha carreira exclusiva.

Não estou querendo dizer: Isto é certo ou Isto é errado. Quem sou eu ... Existem pessoas que trabalham fora, em tempo integral e conseguem conciliar o exercício da profissão com a criação dos filhos, tornando-os homens e mulheres valorosos. Existem sim, pessoas de bem, esforçadas e totalmente focadas em fazer suas vidas darem certo, seja no âmbito profissional, seja no pessoal, oferecendo aos filhos boas oportunidades e dedicando-lhes tempo, não em quantidade mas, em qualidade. Que bom, que ainda existem pessoas assim mas, na minha opinião, são poucas, o desafio é enorme!

Eu vi uma mulher dizer uma vez que era dona de casa, tomava conta dos filhos e das atividades do lar. Por 14 anos ela foi isso.

Eu vejo diferente. Se meu marido sai para trabalhar, se ele alcança seus objetivos profissionais, se ele se sente realizado em sua carreira e tem tempo para se dedicar às suas conquistas, lutando por todas àquelas a que ainda aspira, eu tenho participação em tudo isso. Se ele me disser que vai conquistar o mundo inteiro, eu acredito nele. Seus sonhos, são meus também, suas realizações, nossas, os frutos do seu esforço são colhidos a quatro mãos.
E assim, todos os dias, ao sair de casa, ele sai para conquistar, e o faz sabendo que, ao voltar, me encontrará aqui, com um largo sorriso, esperando por ele.

p.s.: Imagem tirada de http://sixuntilme.com/blog2/food/

terça-feira, 11 de novembro de 2008

"Não diga: “Por que os dias do passado foram melhores que os de hoje?” Pois não é sábio fazer esse tipo de pergunta." (Ec 7.10)


Mais do que novas políticas públicas, novas metodologias pedagógicas, punições mais severas e novas leis que, verdadeiramente, tenham cara de leis, precisamos de algo mais forte, algo maior do que nós, algo sobrenatural.

Agir com moralidade, respeito ao próximo, sorrisos e gentilezas não funciona mais. Nossa sociedade se perdeu, em algum ponto da história, e não estamos conseguindo resgatar, ao menos, um pouco da ética e da dignidade humanas, pelas quais deveríamos pautar nossas vidas, pelo bem comum.

Houve um tempo em que eu temia o desenvolvimento.
Novas tecnologias, máquinas super-poderosas, andróides, robôs. Toda essa parafernália sem a qual não vivemos hoje.
Eis que a era da informação chegou. Mesmo assim, muitas pessoas, nunca tiveram uma qualidade de vida tão inferior.
O que há para temer agora?

Mortes e mais mortes, violência por violência, maus-tratos por maus-tratos. Degradação, marginalização, falta de educação, desrespeito. Porfias, mentiras. Nenhuma, de todas essas desgraças é coisa recente, invenção nossa, pelo contrário, nós estamos apenas nos superando em termos de perversidade.

O Rei Salomão, homem considerado um dos homens mais sábios que já existiu escreve no livro bíblico de Eclesiastes:

" O que foi tornará a ser, o que foi feito se fará novamente;
não há nada novo debaixo do sol.
Haverá algo de que se possa dizer: "Veja! Isto é novo!”?
Não! Já existiu há muito tempo, bem antes da nossa época.
Ninguém se lembra dos que viveram na antigüidade,
e aqueles que ainda virão tampouco serão lembrados
pelos que vierem depois deles." (Ec 1: 9-11)

Conservando a sabedoria que recebeu de Deus, ao ser ungido Rei, Salomão lançou-se em uma empreitada: Descobrir o que, realmente, valia a pena nos poucos dias da vida humana:

"Não me neguei nada que os meus olhos desejaram;
não me recusei a dar prazer algum ao meu coração."(Ec 2.10a)

E, assim, ele fez:

Lançou-se em grandes projetos;

"... construí casas e plantei vinhas para mim. Fiz jardins e pomares e neles plantei todo tipo de árvore frutífera. Construí também reservatórios para irrigar os meus bosques verdejantes. Comprei escravos e escravas e tive escravos que nasceram em minha casa. Além disso, tive também mais bois e ovelhas do que todos os que viveram antes de mim em Jerusalém.
Ajuntei para mim prata e ouro, tesouros de reis e de províncias. Servi-me de cantores e cantoras, e também de um harém, as delícias dos homens.Tornei-me mais famoso e poderoso do que todos os que viveram em Jerusalém antes de mim, conservando comigo a minha sabedoria."
(Ec 2. 4-9)

Refletiu acerca da vida;

"Por isso desprezei a vida, pois o trabalho que se faz debaixo do sol pareceu-me muito pesado. Tudo era inútil, era correr atrás do vento.
Desprezei todas as coisas pelas quais eu tanto me esforçara debaixo do sol, pois terei que deixá-las para aquele que me suceder. E quem pode dizer se ele será sábio ou tolo? Todavia, terá domínio sobre tudo o que realizei com o meu trabalho e com a minha sabedoria debaixo do sol. Isso também não faz sentido.
Cheguei ao ponto de me desesperar por todo o trabalho no qual tanto me esforcei debaixo do sol. Pois um homem pode realizar o seu trabalho com sabedoria, conhecimento e habilidade, mas terá que deixar tudo o que possui como herança para alguém que não se esforçou por aquilo. Isso também é um absurdo e uma grande injustiça. Que proveito tem um homem de todo o esforço e de toda a ansiedade com que trabalha debaixo do sol? Durante toda a sua vida, seu trabalho é pura dor e tristeza; mesmo à noite a sua mente não descansa. Isso também é absurdo."
(Ec 2. 17-23)

Deparou-se com injustiças;

"De novo olhei e vi toda a opressão que ocorre debaixo do sol:
Vi as lágrimas dos oprimidos, mas não há quem os console;
o poder está do lado dos seus opressores,e não há quem os console.
Por isso considerei os mortos mais felizes do que os vivos,
pois estes ainda têm que viver!
No entanto, melhor do que ambos é aquele que ainda não nasceu,
que não viu o mal que se faz debaixo do sol.
Descobri que todo trabalho e toda realização surgem da competição que existe entre as pessoas.
Mas isso também éabsurdo, é correr atrás do vento. (Ec 4. 1-4)

E com a impunidade;

"Quando os crimes não são castigados logo, o coração do homem se enche de planos para fazer o mal. O ímpio pode cometer uma centena de crimes e apesar disso, ter vida longa, mas sei muito bem que as coisas serão melhores para os que temem a Deus, para os que mostram respeito diante dele. Para os ímpios, no entanto, nada irá bem, porque não temem a Deus, e os seus dias, como sombras, serão poucos.
Há mais uma coisa sem sentido na terra: justos que recebem o que os ímpios merecem, e ímpios que recebem o que os justos merecem. Isto também, penso eu, não faz sentido. Por isso recomendo que se desfrute a vida, porque debaixo do sol não há nada melhor para o homem do que comer, beber e alegrar-se. Sejam esses os seus companheiros no seu duro trabalho durante todos os dias da vida que Deus lhe der debaixo do sol!
(Ec 8. 11-15)

Confrontou a insensatez;

"Havia um homem totalmente solitário; não tinha filho nem irmão.
Trabalhava sem parar!
Contudo, os seus olhos não se satisfaziam com a sua riqueza.
Ele sequer perguntava:
“Para quem estou trabalhando tanto, e por que razão deixo de me divertir?”
Isso também é absurdo;
é um trabalho por demais ingrato!
É melhor ter companhia do que estar sozinho,
porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas.
Se um cair, o outro pode ajudá-lo a levantar-se.
Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se!" (Ec 4. 7-10)

Fez grandes descobertas;

"Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente;
quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito com os seus rendimentos.
Isso também não faz sentido.
Quando aumentam os bens, também aumentam os que os consomem.
E que benefício trazem os bens a quem os possui, senão dar um pouco de alegria aos seus olhos?
O sono do trabalhador é ameno, quer coma pouco quer coma muito,
mas a fartura de um homem rico não lhe dá tranqüilidade para dormir.
Há um mal terrível que vi debaixo do sol: Riquezas acumuladas
para infelicidade do seu possuidor.
Se as riquezas dele se perdem num mau negócio,
nada ficará para o filho que lhe nascer.
O homem sai nu do ventre de sua mãe, e como vem, assim vai.
De todo o trabalho em que se esforçou nada levará consigo." (Ec 5.10-15)

Ler o livro de Eclesiastes me leva a inúmeras reflexões. Nossos dias não são melhores ou piores do que os dias do rei. Os dias dos nossos filhos também não o serão. Os homens sempre competiram por bens e poder, oprimiram e ainda oprimem. "Todo o seu esforço é feito para a sua boca; contudo, o seu apetite jamais se satisfaz" (Ec 6.7)

Não há nada novo debaisxo do sol ...não há mesmo.
Isso não me deixa menos esperançosa mas me faz perceber que 'debaixo do sol' não há mesmo o que temer.

O que temer então?

"Descobri que não há nada melhor para o homem do que ser feliz e praticar o bem enquanto vive.
Descobri também que poder comer, beber e ser recompensado pelo seu trabalho é um presente de Deus.
Sei que tudo o que Deus faz permanecerá para sempre; a isso nada se pode acrescentar, e disso nada se pode tirar.
Deus assim faz para que os homens o temam." (Ec 3. 12-14)


quinta-feira, 19 de junho de 2008

Muito mais grata hoje!


Hoje acordei com um espírito de gratidão enormemente aflorado.
Gratidão pela vida, pela presença constante de Deus, pela força para vencer o frio, pelo sorriso de bom dia da pessoa que mais amo nesse mundo. Gratidão por cada mínima coisa que aconteceu, até o presente momento e, por cada uma daquelas, que ainda estão por vir.

Acredito que a forma como me sinto hoje é, na verdade, a continuidade de um processo iniciado há dois dias. Explico: Caminhávamos, meu marido e eu, em direção a nossa casa, num final de tarde de mais um dia de trabalho para ele, e de um exaustivo treino na academia para mim. Percorríamos de mãos dadas, ambas dentro do bolso do casaco dele, um caminho já bastante familiar e, então, uma dúvida me ocorreu:

- Será que um dia nós vamos nos lembrar disso? - perguntei.
Ele respondeu afirmativamente, que sempre lembraríamos desses dias. (Referindo-se as suas saídas do trabalho, nossos encontros depois disso, nossas voltas para casa).
- Mas será que um dia nós vamos nos lembrar de hoje, 17 de junho de 2008? - perguntei, sendo mais específica.
Ele esperou que déssemos mais uns dois ou três passos, chegássemos próximo a um batente para que eu subisse e, voltados um para o outro, dizer:
- Se a gente se beijar aqui junto dessa árvore eu vou me lembrar.
Então nos beijamos.

Hoje, eu sou imensamente grata por aquele momento comum, uma imagem do dia-a-dia em preto e branco à qual conseguimos colorir para toda a vida.

O fato é que, ás vezes, uma experiência muitíssimo simplória como essa, nos faz despertar para o que somos, temos e fazemos. É comum ouvir expressões do tipo: "Nossa, já estamos na metade do ano!", "Esse mês passou muito rápido!", "Não dá pra acreditar que já é Natal!". Eu mesma já me peguei repetindo algumas delas diversas vezes.
Nossos dias passam tão rapidamente e vão levando consigo aqueles momentos que deveriam ter existido mas não vieram a acontecer. O dia passou e com ele toda a possibilidade de ter sido um dia perfeito, ou de ter tido, ao menos, um momento especial. Agora é passado e, com ele, se foi a oportunidade de dizer, fazer, escutar, deixar, começar...

Estou tentando me apegar aos mínimos detalhes de cada momento desde então. Seja ao lavar a louça, enquanto escuto uma música e tento aprender algo com ela ou, ao ler um livro e tentar memorizar uma frase interessante para compartilhá-la com alguém posteriormente.
Tornar o momento significante, para nunca mais esquecê-lo.

Será que é possível fazer com que tudo o que acontece no nosso dia tenha um conteúdo inesquecível? Eu não sei. Mas talvez, se nos esforçarmos em vestir cada situação com uma roupa nova, por mais simples que ela seja, ou mesmo com a roupa de sempre, mas tendo uma postura diferente, ao contemplarmos o espelho do amanhã, nos recordemos do espelho de hoje e, de todos os bons momentos, dos quais, ele mesmo foi testemunha.

P.s.: Foto do post emprestada de http://www.fotocomedia.com/tag.php?tag=feliz


terça-feira, 3 de junho de 2008

Dona-de-casa não faz nada?


Será que por que eu sou Dona-de-casa as pessoas acham que eu não faço nada?

Todos os dias quando acordo (não tenho mais o tempo que passou...) e levanto pra fazer nosso café da manhã, caminho lentamente em direção a cozinha com uma pilha de pensamentos sobre os ombros. Ás vezes, os pensamentos ainda estão dormindo, mas as pernas respondem aos anseios da minha personalidade, um tanto quanto orgulhosa, e me puxam para fora da cama me lembrando que, ao menos no trabalho doméstico, eu preciso ser perfeita (e olha que eu estou muito longe disso).

Café da manhã pronto, marido alimentado. Tenho tanta coisa pra fazer que não sei por onde começar.
- Eu devo arrumar a cama? Eu bem que poderia deixá-la desarrumada hoje ... ninguém vai ver, ninguém vai saber, não vai sair no jornal e eu não vou ser condenada por causa disso ... mas que tipo de Dona de casa eu seria se não arrumasse a cama?

Você deve estar pensando: Que tipo de pessoa se preocupa com isso? Que falta do que fazer!
Me entenda por um instante: Eu sou dona-de-casa e gosto de ter uma casa bem arrumada.

Então mãos à obra! Arrumo a cama, recolho a roupa do varal, dobro-a toda, guardo. Lavo a louça, seco. Passo aspirador na casa, guardo nossos pertences (que parecem criar pernas e se espalharem pela casa 'sozinhos') e pronto!

Pronto? Que pronto que nada!

Vou cozinhar, vou colocar a roupa de molho (entenda que existem peças de roupa que não devem ser lavadas na máquina), vou acessar meus sites preferidos, ler as últimas notícias, me informar. Eu sou Dona-de-casa mas sei o que acontece no mundo! Baixar meus emails, e tentar não acumulá-los (o que é quase impossível, devido a enxurrada que me chega, quase diariamente, frutos das listas de discussão nas quais estou cadastrada e dos spans que não precisam de cadastro algum).

Roupa de molho, comida feita, cozinha limpa e começo a estudar.
Estudar?
É, estudar! Eu sou dona-de-casa mas não desisti de aprender.

O telefone toca algumas vezes, eu atendo.
Pego a correspondência. Saio para fazer algumas compras (leia-se pão, leite, queijo, frutas ... não são aquelas compras divertidas que você podia estar imaginando).
Entre uma tarefa e outra eu paro e me alimento. Sim! Eu também preciso comer. Sempre numa correria, mas fazer o quê?

Três vezes por semana vou a academia levantar peso. É! Não é fácil! Eu sou dona-de-casa mas também sou esposa e amante (calma! De um homem só!) e meu marido merece ter uma mulher auto-confiante, disposta e bem-cuidada. Volto pra casa, volto à cozinha. Jantar feito, banho tomado, marido alimentado.
Acabou?
Não!
Lembra da roupa que estava de molho?
E da louça suja depois da nossa última refeição?

Sentamos em nossas confortáveis poltronas, assistimos o Noticiário. Conversamos sobre o nosso dia, rimos juntos, namoramos. Parece que, finalmente, meu expediente chegou ao fim.
Agora minha tarefa é outra. Aliás, essa tarefa eu não preciso fazer sozinha, essa eu faço muito bem acompanhada!


p.s.: Fotinho tirada de http://sayrakidos.fotosblogue.com/16431/Grande-cozinheiro/

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O que é DEMAIS nunca é o BASTANTE

Imagem do site http://www.zaroio.com.br/


Será que existe alguém no mundo que já tenha realizado todos os seus sonhos ou mesmo todos os seus tolos desejos?
Será que há uma única criatura, em alguma parte desse planeta tão enorme, que se considere plenamente realizada?
Estive pensando sobre isso semana passada, quando recebi um email, de minha irmã, comunicando a morte de um rapaz de 33 anos, muito amigo do marido dela. Apesar de conhecê-lo apenas de vista, a causa e a forma como ele perdeu a vida, me deixaram muito triste, por ele e pela família dele.
Ocorre que, na manhã de um dia qualquer, sua esposa manifesta insatisfação com o casamento e comenta que quer se separar. Ele ouve aquilo e a saga do último dia de sua vida começa. Não faço a menor idéia do que aconteceu no intervalo de tempo que vai desse fato até o fim da história, conheço apenas o desfecho.
A noite cai, o coração dele deve pulsar forte, tão forte quanto o nosso próprio quando estamos anciosos, quando estamos temerosos, quando estamos planejando fazer algo que nos assusta, que nos desafia. Ele inventa uma situação, se arruma, sai de casa, fala com algum amigo no telefone e diz que está indo para um casamento quando, na verdade, está dirigindo rumo a sua casa na praia, armado e com a cabeça cheia de pensamentos que nós, se pararmos para imaginar por um instante, acreditamos fossem dolorosos e angustiantes.

No outro dia, seu corpo é encontrado dentro do carro. Ele está sentado, no banco do motorista. Sua cabeça está caída para frente, ele está imóvel. Os policiais encontram bebida, um terço, uma arma e constatam: Suicídio.

- Suicídio? Suicídio?
- Meu Deus! Mas por que?
Eu gritei mentalmente.
Eu não consegui entender quando li. Não concebia a idéia de que um rapaz tão novo, cheio de amigos, popular, de posses, pudesse ter arrancado de si, a chance de fazer valer a pena começar tudo de novo. Resgatar o que foi perdido no relacionamento com a esposa, perdoar, pedir perdão, chorar, até implorar que ela reconsiderasse, mendigar o seu amor, fazer promessas vazias, jurar que nunca mais, não sei... ! Talvez ele até já tivesse tentado fazer alguma dessas coisas, ou mesmo todas elas no decorrer daquele dia, daquele fatídico último dia.

A Imprensa local noticiou. Todos ficaram sabendo.
Meu cunhado e minha irmã haviam estado com ele há poucos dias. Eles ficaram arrasados.
Maldita a hora que ele comprou aquela arma. Maldita a possibilidade de alguém ter uma arma.
Eu não sou ninguém para julgá-lo fraco ou forte. Eu apenas lamento sua ausência ... sua ausência entre seus amigos, em meio a sua família, no trabalho, no mundo. Eu lamento que ele não tenha encontrado alívio de outra forma e que não tenha conseguido enxergar que "amanhã é outro dia" e, talvez, tudo fosse diferente - ela o procurasse, dissesse que não era nada daquilo, que o amava e precisava dele. Seria irônico, como eu gostaria ...

Eu não sou plenamente realizada. Duvido muito que exista alguém assim. Temos nossos momentos de realização, temos fases cumpridas, etapas conquistadas, sonhos realizados mas ... o "mas"nos ronda.
Aquele bendito maszinho de fim de frase sabe como é?

- Eu acertei o palpite mas ...
- Eu já tenho a cama e o sofá mas ...
- Eu fui em todos os cantos do Brasil mas ...

Desanimada me recordo uma canção, ela ecoa em minha mente melancolicamente "este é o nosso mundo: o que é demais nunca é o bastante e a primeira vez é sempre a última chance ..."


segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A companhia mais agradável que eu posso imaginar


É difícil entender o porquê de gostarmos de alguém.
Eu posso tentar achar razões para isso, mas nenhuma delas vai traduzir o sentimento de maneira racional ou compreensível.
Sentimento de mãe, por exemplo, por pior que o filho seja, por mais errado que ele esteja e por mais triste que tenha sido a dor que ele causou, lá está ela, ao lado dele, não apoiando seus pecados, mas o amando, "apesar de".
Tem gente que entra na nossa vida por acaso, e se torna tão importante. Gente cuja presença, já é suficiente para desviar o pensamento do pouco sentido que você encontra para seguir adiante nos dias mais difíceis, nos dias em que "recomeçar" é palavra morta e tudo o que você deseja é ver o amanhã se fazer hoje. O sorriso te faz sorrir, o olhar te faz descansar. Vocês nem precisam trocar palavras, na verdade, não precisam de mais nada, além de estarem juntos.

É, tem pessoas assim ... cuja falta é quase insuportável e, a presença constante, não provoca qualquer cansaço por excesso de repetição. A companhia é a mais agradável que você possa imaginar e ficar perto é bom para fazer de tudo, mesmo quando vocês estão perto para fazer absolutamente nada.


p.s.: Foto do post encontrada em: http://paula-travelho.blogs.sapo.pt/44453.html

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

"Você nunca vê os dias ruins em um álbum de fotografias, mas são esses os dias que o levam de uma fotografia feliz até a próxima."


Formar uma família é o ideal de muita gente, ainda nos nossos dias. Por mais que as pessoas tentem (discaradamente) passar uma imagem de que a vida é excelente quando se está solteiro (e claro, todos sabemos que tem mesmo um lado bom nisso) todo mundo deseja, a uma certa altura de sua vida, ter alguém para amar, para se sentir amado e para dividir experiências, alegrias, tristezas, segredos e escova de dentes.

Toda menina sonha em se casar. E quando ela diz que não, está mentindo. As mulheres mais evoluídas (essas que dizem que não precisam de casamento, nem de homem nenhum para serem felizes) podem até ter encontrado realização em outras áreas de suas vidas e, portanto, acreditam não precisar de mais nada. Eu tenho amigas assim, que dizem que não querem e nem precisam casar, mas todas as vezes que vêem um casalzinho passeando de mãos dadas, ou uma família se divertindo pelas razões mais bobas, ficam lá, babando e fingindo que aquilo não se compara à liberdade que têm por não ter que dar satisfação de onde, quando, com quem e nem porquê estão saindo.

Uma vez uma amiga compartilhou comigo que uma amiga dela, que era casada, ficava altamente triste todas as vezes em que o 'Clube da Luluzinha' se reunia para algum programa e as amigas solteiras começavam a comentar as peripécias acontecidas na noitada anterior, quando haviam saído para a 'balada'. A mulher ficava se lamentando que não podia acompanhá-las por ser casada, que as outras iam se divertir enquanto ela ficava em casa com o marido.
Eu não sei o que se passa na cabeça dessa criança, nem o porquê de ter inventado de casar se ainda precisava badalar. Não quero me aprofundar em questões de crises conjugais, nem julgar a moça. Minha única expliação para isso é que ela deve ser infeliz no casamento, ou, simplesmente, anda assistindo muita novela e se iludindo que "pegar um, pegar geral" é mais divertido do que pegar um só.

- Nossa! (eu disse)
- Pois é, tá vendo aí? Pra quê é que eu vou me enrolar com alguém? Melhor é ficar sozinha e sair com alguém uma vez ou outra. (Minha amiga falou)
- É tão triste (meu pensamento se materializou)
- É ... (ela respondeu)
- Eu não acho que quando casamos com a pessoa certa seja assim não ... (falei indignada mesmo não sendo casada naquela época)

Alguns anos depois cá estou eu. Casada e convicta de que as maiores baladas acontecem mesmo é em casa, dentro do quarto, no aconchego dos braços do meu amor. A rotina do dia-a-dia dá uma esfriada no relacionamento, isso é verdade, mas, em hipótese alguma eu trocaria o que temos hoje por uma balada, uma badalada ou uma bala na balada (que convenhamos, pode acontecer com qualquer um nesse País desmoralizado em que vivemos).

Nossos valores são mesmo distorcidos e, a medida que o tempo passa, parece que tudo o que aprendemos vai deixando de ser importante. Amar a família, reunir a família, valorizar os laços, aprender a renunciar, amar incondicionalmente. Uma saída pra encher a cara, um beijo de um desconhecido ... quanta futilidade. As pessoas parecem que não se tocam de que os melhores momentos de um relacionamento são ligados por outros não tão bons. A vida da gente é assim mesmo, cheia de altos e baixos. Isso me fez lembrar de um diálogo que acontece no Filme "Just Married"(Recém-Casados), uma comédia americana muito legalzinha. Acontece que o casal, logo após o casamento, passa por um turbilhão de péssimos acontecimentos durante a lua-de-mel, o que os leva a duvidar da escolha que fizeram e faz com que se separem assim, de cara.

A moça volta para casa dos pais (que parecem adorar, já que não gostavam muito do marido que ela havia escolhido).
O rapaz, ainda abalado pela separação vai conversar com o pai dele e eis o que acontece:


- Vai me dizer o que está pensando? (Pergunta o pai)

- Eu não sei se amor é o suficiente. (O rapaz responde)

- O que quer dizer,"suficiente"? (Pai)

- Quero dizer... mesmo se nós nos amássemos, talvez nós precisássemos de mais tempo para nos conhecermos. (Filho)

- Então o que está dizendo é que vocês tiveram uns dias ruins na Europa e... acabou? Hora de crescer,Tommy. Alguns dias sua mãe e eu nos amamos. Outros, tivemos que trabalhar isso. Você nunca vê os dias ruins em um álbum de fotografias, mas são esses os dias que o levam de uma fotografia feliz até a próxima. Sinto muito que sua lua de mel foi horrível, mas é com o que você tem que lidar. Agora você deve passar por isso. Sarah não precisa de um cara com a carteira cheia para fazê-la feliz. Eu vi como você ama essa menina. Como vocês se completam. Ela não precisa de mais segurança. (Pai)

- Obrigado. Pai. (Filho)

- Acabou? (Pai)

- Não mesmo!(Filho)

E assim, ele vai atrás dela e ... Bom! Não quero estragar pra quem não viu o filme ainda. Mas pra quem já viu e quer relembrar esse é o link que mostra o finalzinho:
http://br.youtube.com/watch?v=unHfQ1iJFVM

A qualidade não é muito boa, mas o conteúdo é, no mínimo, emocionante.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

InDEPENDENTE

Quando eu era criança, lá em Barbacena, e sonhava com o futuro, nem de longe eu imaginei me tornar uma dona de casa. Amante da natureza, eu poderia ter estudado biologia. Apaixonada por animais, deveria ter me formado em medicina veterinária.

Quando via TV, os comerciais da Barbie me fascinavam, principalmente, quando associavam a boneca a alguma profissão. Linda, elegante, bem-sucedida e independente, a Barbie Veterinária era tudo o que eu desejava me tornar, nos próximos anos de minha vida.

Em pensamento tratei de cachorros e cavalos. Nossa! Eu era uma profissional exemplar, e bonita, diga-se de passagem! Sempre bem vestida com um macacão desbotado, os cabelos mal presos, uma mochila amarela (e encardida) não muito cheia de aparatos diversos e um fiel escudeiro ao meu lado - um belo dog alemão malhado, de postura impecável, inteligente que só ele e premiado, incontáveis vezes, nos campeonatos dos quais participamos.
Nem imaginava onde estaria morando àquela altura da minha vida. Minha sensação de liberdade ao lado daquele cachorro era tão grande, que sempre estávamos indo e vindo, socorrendo um filhotinho aqui, desenterrando uma vaca ali, correndo num campo verde e infindável, vendo o pôr-do-sol. Éramos ocupados e felizes.

Não consigo me lembrar em que época, ao certo, eu desisti desse sonho. Não de todas as partes dele por que, um dia, eu ainda vou ter um Dog Alemão malhado. Sabemos que o passar dos anos, as mudanças de perspectivas e os ditames da sociedade influenciam nossas escolhas mas, o fato de eu ter privado o reino animal de minhas afáveis mãos deve-se, exclusivamente, a minha letargia, à minha falta de coragem de encarar a vida e o mundo, da minha completa dependência.

Como um animal sentimental que se apega facilmente, fui me apegando aos acontecimentos e não às possibilidades. Desatenta as oportunidades, fui trilhando o caminho que se materializava diante dos meus pés e, posso afirmar, trilhei muito bem. Tive idéias, mudei os planos, tive planos, mudei de idéia. Renato Russo denominou isso de Sereníssima, eu de perdidíssima.

Longe de ser a Barbie dos comerciais, a bela veterinária de macacão, a profissional destemida do mundo atual, a mulher independente dos meus sonhos, sou apenas uma Dona de casa. Não posso me queixar da vida que tenho, aliás, eu até posso, mas não devo. Me sinto feliz assim e sei que as possibilidades não deixaram de existir, talvez eu é que precise mudar (Talvez?). Enquanto isso, melhor é ir seguindo assim mesmo "com um sorriso bobo, parecido com soluço , enquanto o caos segue em frente com toda a calma do mundo."





O Dog dos sonhos
(foto de http://www.ilhadogerere.com.br)